terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Homem que registrou maus-tratos à cadela diz que ninguém nunca ia descobrir
Homem que registrou as agressões da enfermeira à cadela diz que já havia testemunhado maus-tratos anteriores. E afirma não ter interferido porque sabia que a mulher continuaria. Novo vídeo publicado na internet mostra a comoção de vizinhos e a chegada de bombeiros ao prédio
Cenas de outro vídeo na internet mostram a cadela morta no gramado
O homem que flagrou as cenas bárbaras de maus-tratos a uma yorkshire em Formosa (GO) se chama Claudemir Rodrigues Maciel. Ele tem 36 anos e estava na cidade a passeio, para a festa da filha da comadre, Vera Lúcia Maria da Silva, agora ex-vizinha da enfermeira que espancou a cadela na frente da filha de 1 ano e meio. Claudemir acredita que tenha feito a coisa certa na hora certa. Para quem o critica por não ter interferido nas agressões, ele lamenta a morte do animal, mas se justifica: “Se eu tivesse falado alguma coisa, ela ia parar na hora e continuar depois. E ninguém nunca ia descobrir”.
Na tarde de 12 de novembro, ele descansava da viagem no apartamento da comadre. A janela do quarto em que dormia dava para a área de serviço da enfermeira. Gritos de uma mulher e o choro de um cão lhe tiraram do repouso. Quando viu, a pequena yorkshire estava sendo arremessada pela enfermeira e a criança assistia a tudo. Não era a primeira vez que Claudemir presenciava a vizinha maltratando um animal. Ele já havia flagrado a mulher judiando de um cachorro da raça shitsu. Segundo Claudemir, quando ela se deu conta da presença dele, parou e entrou em casa. Então, o homem decidiu registrar a cena quando ela ocorresse novamente.
“Eu já tinha ficado com isso na cabeça. O pessoal do prédio sempre falou que ela batia no cachorro. Filmei sem que ela me visse. Fiquei com medo de ela fazer isso outras vezes e nada acontecer”, conta. Claudemir tem três cachorros e se revoltou com os abusos. O vídeo postado na Internet é a compilação de dois dias de filmagem. No domingo, ele gravou as cenas da cadela molhada e tremendo. Na sequência, o bicho é aprisionado pela enfermeira em um balde virado para baixo. “Deve ser horripilante para uma criança assistir àquilo tudo. Minha preocupação era que ela pudesse fazer o mesmo com a criança”, disse.
No mesmo dia, 13 de novembro, ele partia de volta ao Mato Grosso, mas deixava com Vera um CD com o vídeo gravado. Esse mesmo CD foi entregue à Polícia Civil, que à época estava em greve. Na segunda-feira, policiais militares e bombeiros atenderam ao chamado de Vera e apareceram no prédio. Segundo ela, a enfermeira teria matado o cachorro no gramado da área comum do prédio, pouco tempo antes de ser abordada pelos policiais. Cenas de outro vídeo, publicado na internet no último domingo, mostram a cadela estirada na grama e a aglomeração de vizinhas chorando.
Quando as imagens caíram nas redes sociais, o caso ganhou projeção nacional. Claudemir está satisfeito com a repercussão. “Acho que isso faz as pessoas pensarem duas vezes antes de baterem em um animal indefeso”, diz. Ele já prestou depoimento.
Tumulto
A revolta das pessoas com a barbárie contra o animal levou muita gente até a frente do prédio da enfermeira, no bairro de Formosinha, para protestar. A Polícia Militar teve de impedir os manifestantes de apedrejarem o prédio. No último sábado, a história ganhou mais um desdobramento. Segundo Vera Lúcia Maria da Silva, ex-vizinha de cima da enfermeira, seu salão foi invadido pela proprietária do prédio. Ela, a filha de 17 anos e uma funcionária de 67 foram agredidas pela mulher.
O salão estava cheio e os clientes ficaram assustados com a briga. “Ela apertou o braço da minha filha e chegou a tirar a sandália para bater nela. Empurrou minha esteticista, uma senhora de 67 anos. Disse que por causa da gente o prédio dela agora estava difamado e quase tinha sido apedrejado”, contou a cabeleireira. A proprietária teria ido além. “Ela falou que nós não tínhamos que ter nos metido na vida da enfermeira, que ela que fizesse o que entendesse com aquela ‘desgraça’ de cachorro. Foi um horror”, relembra.
Resultado: a confusão só se desfez quando a polícia chegou. Vera e a filha registraram ocorrência contra a dona do prédio, fizeram exame de corpo de delito e vão processá-la. A família se mudou do prédio no domingo. “Minha vida virou de cabeça para baixo. Mas não me arrependo de nada. Em nenhum momento, quis que alguém machucasse a enfermeira. Mas as duas (a dona do prédio e a enfermeira) vão responder à Justiça pelo que fizeram”, desabafa. O Correio não conseguiu entrar em contato com a dona do prédio.
Exílio
A enfermeira está em local seguro, na casa de amigos, próximo a Formosa. A defesa da mulher diz que mais de 40 mil ameaças foram direcionadas contra ela. Ela ainda não prestou depoimento à polícia.
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