segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
O ANO NOVO VELHO
Pode ser má vontade ou rabugice mesmo. Mas tudo indica que o novo ano que estreia hoje começa velho, caduco. Pelo menos na política, onde mudanças só devem ocorrer para deixar tudo o mais igual possível. Tanto no governo quanto na oposição.
A reforma ministerial, alardeada sempre que um titular era abatido, está enterrada de vez. As trocas de comando serão pontuais e manterão intocadas as searas dos partidos que compõem a base. Ainda que o equilíbrio dos acertos feitos em 2010 tenha se mostrado um tanto precário, Lula continuará primeiro e único mentor e avalista da mais ampla coalizão que um governo já teve.
Dilma Rousseff, que chegou a acalentar a ideia de uma reestruturação mais profunda em seu governo, perdeu o elã. Colheu o recorde de ter seis ministros afastados por suspeitas de corrupção – todos indicados por Lula - e outro por incontinência verbal, mas não teve saída: continuará nomeando quem o seu padrinho quer. Aloizio Mercadante na Educação é só mais um.
Também sob suspeição, o ministro do Desenvolvimento - único, entre os 39, tido como da cota pessoal da presidente - está quase na lona. As festas não serão suficientes para fazer esquecer as consultorias sem contrato e as palestras fantasmas de Fernando Pimentel, que entra em 2012 tão ou mais desgastado, já que não conseguiu produzir uma única explicação plausível.
A oposição, que até ensaiou mostrar a que veio nos últimos meses do ano, também não parece mobilizada o suficiente para produzir qualquer tipo de mudança. Os tucanos batem o pé que têm hoje uma nova agenda, mas não conseguem convencer nem a si próprios. Continuam mesmo é batendo os bicos, entoando a mesma cantilena que opõe serristas e aecistas. O DEM, desidratado, até quer dar o troco, mas faltam-lhe forças.
Fato novo, o PSD de Gilberto Kassab é mais uma prova de que o novo pode nascer velho. Ficou grande e deve continuar a crescer. E pretende fazê-lo a partir da pregação de seu líder: nem à esquerda, nem à direita, nem ao centro.
Do Senado, a certeza de que tudo continuará como sempre chega a assustar. Ali, José Sarney (PMDB-AP), entre umas e outras, encerrou o ano pagando por uma reforma administrativa que nunca existiu. Fez o que sempre fez e continuará a fazer. E, embora ausente na posse do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) no apagar de 2011, estará lá, em fevereiro, para presidir a sessão em que o ficha suja que o STF limpou promete sua reestreia.
Cena simbólica de um ano que nada tem de novo. Que nasce velho, sem ter aprendido as boas lições da velhice. Que insiste em manter os mesmos vícios de estímulo à velhacaria.
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