Com apenas 35 anos, o deputado Odair Cunha (PT/MG) ganhou, involuntariamente, o grande papel de sua vida pública. Como relator da CPI do Cachoeira, Cunha poderá se tornar um parlamentar de primeira grandeza no Congresso Nacional ou enterrar de vez sua biografia política, como coveiro de uma CPI que desperta grandes esperanças e expectativas na sociedade brasileira.
O que está em jogo é desvendar um dos maiores esquemas de extorsão política e econômica que o Brasil já conheceu, entranhado em todos os poderes da sociedade. O caso Carlinhos Cachoeira é o retrato perfeito e acabado do verdadeiro crime organizado no Brasil, que, agora, tem a chance de passar tudo a limpo.
Nesta semana, no primeiro grande movimento para aprovação de requerimentos, Cunha e os demais membros da CPI decepcionaram. Foram chamados apenas personagens de segundo escalão, deixando de fora governadores e o próprio dono da construtora Delta, Fernando Cavendish. O que gerou a desconfiança natural de que Cunha já começara a jogar carvão no forno, para transformar a sua CPI em CPIzza.
Será? Criado na agradável Boa Esperança, cidade no sul de Minas cortada pelo Rio Grande, Odair Cunha, como todo bom mineiro, certamente já pescou nas águas da represa de Furnas. E a sabedoria de um bom pescador ensina que primeiro se pescam lambaris, que depois viram iscas para traíras. E as traíras, quem sabe, podem ajudar a fisgar tubarões.
Com tudo aquilo que foi apurado, pela própria Polícia Federal, e já se sabe até agora, é muito pouco provável que a CPI não dê em nada. Este talvez seja até o desejo do establishment político. Mas, acima dele, existe uma opinião pública. Não só a dos grandes meios, mas também a das vozes que se expressam livremente na internet e nas redes sociais.
Apostar em pizza ainda é prematuro.
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