sexta-feira, 25 de maio de 2012

"Ainda podemos desmatar 3% da Amazônia" O presidente do Ibama, Curt Trennepohl, diz que a agropecuária pode se expandir até 20% no Norte do País, dentro dos limites legais de desmatamento


"O Ibama não tem a visão
de que o agronegócio
é uma atividade ilegal"
Foto: Shutterstock

DINHEIRO RURAL - A expansão de quais culturas agrícolas preocupa mais o Ibama? 
TRENNEPOHL - Em Mato Grosso é a soja. No sul do Amazonas, região de Lábrea e Boca do Acre, e ao longo da BR-163, no sul do Pará, é a pecuária. Atualmente, essas são as maiores frentes de desmatamento. Também há desmatamento no oeste da Bahia, por causa do algodão e da soja - mas não tão acentuado -, e no sul do Piauí, que está começando a produzir soja. Somente em 12% das áreas onde houve desmatamento eles foram autorizados pelos órgãos estaduais. Desses 12%, três quartos são destinados à soja. Mas hoje o setor produtivo já tem uma preocupação: por se tratar de commodity, quanto mais se agregar valor verde à soja, mais ela será valorizada. Veja o setor sucroalcooleiro, que há alguns anos era apresentado como um grande vilão pela mídia. Hoje, quase todas as usinas têm o ISO 4000 ou o selo Amigo da Criança, da Abrinq, porque existe uma competição internacional. Agregar valor verde ao negócio é extremamente importante para o Brasil aumentar o comércio com outros países.

DINHEIRO RURAL - Os produtores também reclamam do Ibama e da Polícia Federal, dizendo que quem faz tudo certo fica envergonhado por causa das ações espalhafatosas desses dois órgãos. 
TRENNEPOHL - Eu separaria o agronegócio hoje entre aqueles que têm consciência e respeitam as regras ambientais e aqueles que estão na contramão. Vamos deixar claro: a grande maioria do agronegócio é séria. O Ibama não tem a visão de que o agronegócio é uma atividade ilegal. Pelo contrário, aqueles com autorização para desmatar não têm nenhum problema com a gente. O indivíduo que o Ibama combate é aquele que o empresário sério também não quer por perto. Além de afrontar a legislação ambiental, quem age à margem da lei está diminuindo o valor ambiental agregado de quem trabalha dentro da lei.

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