domingo, 8 de janeiro de 2012

Doença gera perda em SP e no sul de MG

A proliferação de doenças em lavouras cafeeiras da região e do sul de MG pode derrubar em até 30% a colheita nessas regiões neste ano.
A pinta preta, provocada por bactéria que amarela folhas e necrosa galhos, começou a aparecer com mais intensidade em dezembro. As áreas são as maiores produtoras de seus Estados. A mecanização da cafeicultura paulista está afastando os migrantes da região produtora mais tradicional do Estado, a Alta Mogiana.
Agora, a região montanhosa da Mantiqueira, onde está o município de São João da Boa Vista, é a que atrai o maior número de trabalhadores volantes, os migrantes. Levantamento do IEA (Instituto de Economia Agrícola) mostrou que, na última safra, em média, a região de São João da Boa Vista atraiu cerca de 15,3 mil migrantes. Foram 17,1 mil no início da safra, em abril, e 13,4 mil em agosto, quando a colheita já estava se finalizando e iniciaram-se os tratos culturais. Os migrantes foram responsáveis por colher a produção de 1 milhão de sacas, o que fez da região o principal polo de café desta safra. Por ser área montanhosa, é difícil a implantação da colheita mecanizada e o café precisa ser apanhado com as mãos, disse Maria Carlota Vicente, pesquisadora do IEA. Na região de Franca, onde a mecanização da colheita está bem avançada, uma média de 5,8 mil migrantes participaram da safra -é a quarta região no ranking do IEA, atrás de Avaré e Araraquara. Foram 5,9 mil em média no mês de abril e 5,7 mil em agosto. A pouca variação entre os meses de início e término de colheita indica que houve somente a mão de obra estritamente necessária para a retirada do café e que grande parte do trabalho foi feito pelas máquinas. Essa é a primeira vez que o IEA compila dados sobre trabalhadores volantes. Assim, não há dados históricos que indiquem a presença dessa mão de obra ao longo dos anos na cultura de café. Mas, para Irineu Monteiro, presidente do sindicato do produtor rural de Patrocínio Paulista, cada vez menos os produtores buscam trabalhadores de fora para participarem da colheita. "Tudo por causa da máquina", disse. Segundo ele, os que aparecem são aqueles que atuaram em safras passadas e ainda procuram os cafeicultores por conta própria, correndo o risco de ficarem sem trabalho. Neste caso, conta Monteiro, eles alugam imóveis na periferia das cidades, colocam 12 homens em uma casa e procuram contrato de safra. Para o presidente do sindicato, o recrudescimento das leis trabalhistas encareceu a manutenção da mão de obra -para abrigá-los é preciso ter alojamento, cozinha e sanitários adequados. "O produtor prefere investir na mecanização porque assim paga só o operador da máquina e elimina a mão de obra", disse Monteiro. Anselmo Magno de Paula, gerente de comercialização de café da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas), de Franca, confirma a queda dos migrantes na região de um modo geral. "O produtor enxerga que depender do trabalhador inviabiliza a cultura", disse.

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