Um assessor do Palácio do Planalto informou ao governo ter conversado em 2010 com um dos principais aliados do empresário Carlinhos Cachoeira para tratar do apoio do senador Demóstenes Torres à candidatura presidencial de Dilma Rousseff. O episódio veio à tona ontem após o jornal "O Globo" revelar o contato telefônico entre o subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, e Wladimir Garcez. Acusado de ser um dos principais nomes do esquema de exploração do jogo ilegal comandado por Cachoeira, Garcez está preso.
Segundo o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), Noleto foi procurado por Garcez para tratar da sondagem sobre o possível apoio de Demóstenes a Dilma, apesar de o senador ser um dos principais críticos do governo e estar filiado, até há alguns dias, ao oposicionista DEM. O assessor é um petista histórico de Goiás e, desde 2003, ocupa um cargo no Palácio do Planalto, tendo passado pela Casa Civil durante a gestão de José Dirceu. Hoje, ele ocupa o mesmo cargo que Waldomiro Diniz tinha em 2004, quando caiu após divulgação de vídeo em que pedia propina a Cachoeira. Carvalho disse que o servidor recebeu um voto de confiança e classificou o episódio de "página virada". A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) divulgou nota afirmando que Noleto permanecerá no cargo e que "não existe qualquer indício de irregularidade em relação à sua conduta".
Mas, segundo a Folha apurou no governo, Noleto deve deixar o cargo até junho para concorrer como vice na chapa de Maguito Vilela (PMDB) à Prefeitura de Aparecida de Goiânia (GO). Ele só não foi exonerado nesta semana pois, segundo o governo, a saída para a eleição trará menos desgaste. Segundo Carvalho, a conversa sobre o apoio não avançou porque o DEM apresentou o vice na chapa do PSDB. Um dos principais interlocutores de Dilma, Carvalho sustentou que o governo não teme ser atingido pela crise. "Não temos nenhum receio de nenhum respingo aqui."
Noleto divulgou nota negando relação com Cachoeira. "Jamais conversei, conheci ou fui apresentado a Carlinhos Cachoeira." Ele disse ainda que conheceu Garcez, que é ex-presidente da Câmara de Goiânia, em 2002. Como subchefe de Assuntos Federativos, Noleto disse ter mantido "relação política institucional com todos os governadores, prefeitos e atores políticos do país"
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