Gravações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, apresentaram evidências da proximidade da quadrilha de Carlinhos Cachoeira com o Ministério Público de Goiás. O órgão é comandado pelo irmão do senador Demóstenes Torres.
As conversas foram publicadas neste sábado (14) no “Correio Braziliense”. Segundo o jornal, em um diálogo gravado pela Polícia Federal no dia 16 de maio de 2011, o bicheiro Carlinhos Cachoeira pede ao senador Demóstenes Torres que converse com o irmão dele, Benedito Torres, procurador-geral de Justiça de Goiás. O assunto seria uma ação na Justiça contra uma transportadora que estaria incomodando a quadrilha.
Cachoeira diz: “Manda ele lá designar um promotor para entrar com uma ação contra isso aí”.
Segundo o jornal, Demóstenes disse que ia ligar para o irmão resolver esse assunto.
Em nota, o Ministério Público de Goiás informa que foi aberta uma investigação contra a transportadora e o processo foi arquivado em janeiro de 2012.
“Aquilo que o senhor Carlos Cachoeira queria na verdade não foi atendido em nenhuma hipótese pelo Ministério Público do estado de Goiás”, afirma o procurador-geral de Justiça de Goiás, Benedito Torres.
Em outra gravação, Cachoeira pede a Demóstenes que acione Benedito Torres para receber um vereador de Goiânia. O assunto era a licitação de um parque em Goiânia, que o político queria barrar.
“Sim, ele pediu para que eu atendesse o vereador Elias Vaz. Aquelas informações que o vereador trouxe eu encaminhei para o promotor da execução. Essa decisão se encontra ainda no Judiciário”, diz Benedito Torres.
O nome do procurador-geral do estado de Goiás, Ronald Bicca, também aparece nas gravações da Polícia Federal, segundo o “Correio Braziliense”. Ronald Bicca, que foi citado em conversas de Cachoeira com Demóstenes, pediu demissão do cargo na sexta-feira (13).
Em uma conversa gravada pela Polícia Federal, segundo o “Correio Braziliense”, Cachoeira pede ao ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Wladimir Garcez, que pegue com Ronald Bicca um parecer favorável ao delegado Edemundo Dias Filho, que respondia a processo administrativo.
Por e-mail, Ronald Bicca confirmou que deu o parecer favorável ao delegado, mas respaldado pela lei. Também disse que está indignado com o envolvimento do nome dele. E, por isso, antecipou a saída do governo para se dedicar a projetos pessoais.
O advogado de Demóstenes Torres disse que o irmão do senador sabia da Operação Monte Carlo e nunca contou nada, o que demonstraria, segundo o advogado, a autonomia de Benedito Torres.
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