sábado, 3 de dezembro de 2011

Dilma define caso Lupi após dia 5

A presidente antes de viajar disse ao ministro que sua permanência só seria possível se tivesse explicações convincentes
Caracas. A presidente Dilma Rousseff (PT) disse ontem, em Caracas, na Venezuela, que tomará decisões sobre o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, somente a partir de segunda-feira, quando já estiver de volta ao Brasil. Ao ser perguntada sobre a condição do ministro, a presidente respondeu que esse e qualquer assunto referente ao Brasil será discutido somente depois do dia 5 de dezembro.

"Qualquer situação referente ao Brasil vocês podem ter certeza que eu resolvo a partir de segunda-feira", afirmou. Dilma está em Caracas para participar da III Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da América Latina e do Caribe (CALC) e I Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC).

Ao sair do hotel onde está hospedada, a presidente foi perguntada se a declaração de amor feita por Carlos Lupi há cerca de 20 dias, durante uma audiência no Congresso, estava influenciando sua dificuldade em decidir o destino do ministro. Dilma respondeu: "Eu tenho 63 anos de idade, uma filha com 34 anos, um neto de 1 ano e 2 meses. Eu não sou propriamente uma adolescente e diria, também, uma romântica. Eu acho que a vida ensina a gente e eu acho que a gente tem que respeitar as pessoas, mas eu faço análises muito objetivas".

Na quinta-feira, antes de embarcar rumo à Venezuela, Dilma disse a Lupi que a única chance de ele permanecer no cargo até a reforma ministerial era fornecer explicações "convincentes" sobre o fato de ter ocupado, simultaneamente, dois cargos públicos por quase cinco anos.

O acúmulo ilegal, na Câmara dos Deputados em Brasília e na Câmara Municipal do Rio, foi revelado pela Folha de São Paulo na quarta-feira e resgatou no governo a disposição de vê-lo fora da Esplanada.

A decisão da presidente Dilma de dar sobrevida ao ministro Carlos Lupi, na visão da conselheira Marília Muricy, responsável pela relatoria do processo que recomendou a exoneração do ministro, não desafia a Comissão de Ética Pública. "Não vejo como um desafio, absolutamente. Em primeiro lugar, a presidente não está subordinada à Comissão de Ética. Ao contrário, a Comissão de Ética é criada por um decreto presidencial, os membros são nomeados pela presidente e a Comissão de Ética a assessora", afirmou.

Relatório
No relatório, acatado por unanimidade pelos conselheiros, ela sustenta que a "enxurrada de denúncias" abala a "administração pública federal como um todo". "É de concluir-se que a conduta do sr. Carlos Lupi, seja por suas inquestionáveis e graves falhas como gestor, seja pela irresponsabilidade de seus pronunciamentos públicos, não se coaduna com os preceitos éticos", diz o relatório.

Questionada se mantinha o tom do relatório, ela disse que reafirma "palavra por palavra, vírgula por vírgula, ponto e vírgula por ponto e vírgula", mas disse que ele tem "todo o direito de pedir reconsideração".

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